Com a proposta de trazer um pouco dos arcades para a nova geração, Rogue Flight chega no finzinho do ano, surpreendendo pela excelente qualidade na história e gameplay, conseguindo brigar pelas posições mais altas na lista de melhores jogos de 2024. Desenvolvido pela Truant Pixel e publicado pela Perp Games, este jogo de navinha inspirado em animês da década de 80 e 90 vai conquistar quem aprecia um bom desafio.
Rogue Flight é a fusão perfeita entre a simplicidade e carisma de Star Fox, a epicidade de Ace Combat e o estilo de história que Macross, Space Battleship Yamato e Galaxy Express 999 poderiam apresentar, numa aventura espacial que consegue equilibrar muito bem a diversão e a complexidade sem deixar de lado a experiência do combate espacial, nos fazendo se importar com sua piloto, a nave e a jornada.
Guerra nas estrelas
O sistema de vigilância conhecido como A.R.G.U.S. acabou se desenvolvendo além do seu propósito e tomou conta do controle da força de defesa solar, se voltando contra seus criadores e dizimando a Força de Defesa da Terra em apenas 72h. Com sua frota automatizada formada com suas próprias naves, a humanidade foi varrida da face da Terra, fazendo com que poucos sobrevivencem à destruição, se escondendo sob as ruínas da civilização.
Após três anos, abaixo das ruínas de Nova Alberta, encontraram o Arrow, um caça espacial leve com um núcleo movido a singularidade, uma maravilha da engenharia que o torna a nave espacial mais rápida e manobrável já concebida. No papel de Nadia Sawas, a única piloto entre os sobreviventes, você terá a missão de combater o sistema ARGUS. e enfrentar sua tropa autônoma. O mais impressionante dessa trama principal? Por ser um jogo de combate aéreo e espacial, a construção narrativa é muito bem feita.
Ainda melhor quando você pensa que tudo isso vem com uma proposta de jogo arcade e que mantém um alto nível em sua história, pontuada entre os capítulos e como desdobramento do seu progresso ao longo dos combates aéreos, seja na superfície da Terra ou de outros planetas. Você terá apenas três vidas para percorrer uma das três trajetórias distintas, obtendo finais diferentes para cada escolha que fizer através de rotas em que Nadia atacará as fábricas autônomas ou a frota inimiga ou todos os alvos contra o ARGUS.
Na companhia do Comandante Griffin e da Professora Mason, você vai seguir com Nadia por batalhas frenéticas contra naves e mechas, enfrentando chefões gigantescos e que conseguem transformar um combate aéreo num bullet hell da melhor qualidade. Como se não bastasse a chuva de tiros e informações na tela, a sua nave ainda tem a habilidade de executar barrell roll, para dar parry nos tiros e evitar danos em seu escudo, além da capacidade em usar sua wingtrail ao fazer um drift em pleno ar, para que o rastro das suas asas destrua os inimigos.
Rogue Flight consegue unir sua trama e as mecânicas para reinventar a fórmula do jogos de nave, levando o gameplay para num novo patamar de diversão, complexidade e desafio. Com comandos simples, você terá variações para o seu tiro principal e o apoio de suas habilidades, porém o foco maior é nas manobras que você consegue fazer para desviar dos perigos em tela enquanto distribui tiros para todos os lados.
Deixando tudo ainda mais frenético e urgente, um marcador de combo auxiliará na recuperação do seu escudo, prolongando sua energia para ir cada vez mais longe, incentivando que você ataque sem parar e destrua o máximo de inimigos possível, fazendo com que você se mantenha em alerta o tempo todo. Ou seja, se ficar muito na defensiva a tela ficará repleta de perigos, enquanto atacar sem parar pode ser um risco ao mesmo tempo em que seja uma estratégia viável para se manter vivo por mais tempo.
A arte da destruição
Rogue Flight conseguiu fazer o que poucos títulos tiveram capacidade em realizar, ao trazer a experiência dos arcades para o console, apostando fortemente no fator replay e trazendo diversos atrativos ao redor. O primeiro deles é a estética que a Truant Pixel conseguiu desenvolver, dando um ar oitentista ao jogo com efeitos de tela (ou ecrã) e com um visual mais poligonal para as naves. No entanto, o cuidado ao trabalhar os cenários impressiona pelo nível de detalhe e a maneira como iluminação é levado a série, com lens flare muito bem aplicados e explosões ao redor da sua nave.
A trilha sonora desse jogo é perfeita e viciante. Desde o clipe de abertura, com uma música que fiquei ouvindo por muito tempo ao longo dessas duas últimas semanas, aos dubladores que participam ao longo do jogo, com talentos do mercado e famosos por trabalhos com outras franquias japonesas de sucesso como, por exemplo, Sailor Moon, Evangelion e Gundam, Rogue Flight consegue criar sua imersão também com a trilha. Os combates ficam cada vez mais angustiantes e desesperadores, enquanto as notificações típicas de um arcade, com aqueles barulhinhos mais estridentes surgem de fundo indicando algo bom ou ruim, tendo apoio do DualSense com seus parceiros falando diretamente com você.
Tudo é belo e caótico ao mesmo tempo em que o desafio aparece na medida certa, para você aprender aonde errou e tentar novamente, sem que a diversão seja perdida. Sua busca por combos maiores e por pontuações cada vez mais altas contribuem no desbloqueio de itens para customizar o visual da sua nave, enquanto melhorias podem ser instaladas para aumentar ataque, defesa e capacidade de manobra, além de outros aspectos ligados às habilidades da espaçonave.
Após cada run completada, mesmo recebendo algumas telas de game over na cara, o sentimento que fica é de reiniciar a jornada e tentar mais uma vez. Percorrer os caminhos possíveis nessa história e conhecer os desfechos na história de Nadia, além de desbloquear o modo roguelite e conseguir recompensas ainda melhores com o seu progresso. Infelizmente não existe (ainda) um modo que salva sua progressão, permitindo recomeçar do último ponto alcançado, até mesmo para não contrariar a própria proposta de ser um arcade, mas que talvez afaste os jogadores mais casuais.
Rogue Flight é um autêntico shooter espacial, com toques de bullet hell, que consegue inovar dentro do seu próprio gênero e reinventar a maneira como trabalha suas mecânicas. Um trabalho incrível da Truant Pixel e Perp Games, que merece ganhar mais destaque com esse lançamento em outubro, pois ele reúne diversão e desafio num título muito competente e belíssimo para ser jogador, assistido e ouvido.
Prós:
🔺 Jogo arcade com história interessantíssima
🔺 Mecânicas e gameplay divertidos e criativos
🔺 Referências aos animês dos anos 80 e 90
🔺 Excelente direção de arte e trilha sonora
🔺 Música de abertura viciante
🔺 Narrativa com vários caminhos e múltiplos finais
🔺 Gameplay divertido e com alto fator replay
Contras:
🔻 Seria ainda melhor com um modo história com escolha de capítulos
Ficha Técnica:
Lançamento: 25/10/24
Desenvolvedora: Truant Pixel
Distribuidora: Perp Games
Plataformas: PC, PS5, Xbox Series, Switch
Testado no: PS5