Apitou o juiz, começa a partida. FIFA 23 está ágil em campo, contando com o apoio da equipe técnica da Electronic Arts e com os passos precisos da Hypermotion 2. Você chuta de um lado, defende do outro, a torcida vibra e muito parece ganhar vida ali dentro dos videogames. Para uma última disputa, o time está mais renovado do que nunca e aprimora bastante daquilo que vimos no passado.
Particularmente falando, eu sou um novato neste meio. Apesar de ser um jogador ávido de Pokémon, até criticava os lançamentos anuais da franquia de futebol da EA. Colocando as minhas convicções em cheque, resolvi botar a mão na massa e assumir o fim da carreira de 29 anos como o meu início. E posso afirmar para vocês que não é nada menos do que espetacular.
Eu sei, caros fãs, que vocês acompanham tudo de forma sagrada todo ano. Compram, checam as diferenças entre as versões, enxergam os aprimoramentos e diferenças, mas para quem está começando agora isso tudo soa como um verdadeiro espetáculo e, para ser sincero, é. Digo isso porque tentei a versão 2014 e também a 2018 no passado. É de se encher os olhos e, mordendo minha própria língua, digo aqui que este é “o jogo” que todos queriam e pediram aos deuses dos videogames.
Golaço do FIFA 23
Sendo bem sincero com vocês, me encantei com FIFA 23 até que bem rápido. Logo de cara, aproveitei algumas partidas rápidas para esquentar um pouco os controles e ver se descolava alguns gols. De início, achei as jogadas lentas e até travadas. Porém, fui aprendendo que a combinação de alguns jogadores, técnicas e até mesmo a questão dos times fazia uma bruta diferença no cenário. Depois, como facilitar meu caminho ao gol e a potência dos movimentos. No fim, a lição de casa estava feita e o novato conquistou um bom espaço para curtir as coisas. E, principalmente, me diverti demais.
Sei que tudo isso parece óbvio para quem acompanha, mas meus caros, estamos falando de uma infinidade de possibilidades que estão sendo processadas ali simultaneamente pela máquina. 22 jogadores em campo, fora os reservas, mecânica de inteligência artificial afiada para cada um deles, botões que reagem conforme a força aplicada, análise da narração, reação da torcida e fazer tudo isso rodar de forma lisa e sem travamentos é impressionante. Vou dar um exemplo outro título recente, Halo Infinite, qual luta para fazer metade disso funcionar bem das pernas.
Após este vislumbre, fui além. Após fazer algumas partidas no VOLTA, encontrei minha modalidade favorita. Não desmerecendo o campo, mas quem jogou o FIFA Street no passado sabe bem do sentimento que é toda essa confusão em uma quadra minúscula. Senti falta de mais campos diferentes só, mas os que tem por lá agradam e deixarão o público entretido por algumas horas. Ao menos foi o que aconteceu comigo.
Conforme melhorei e experimentei mais, consegui enxergar a razão de todos serem tão apaixonados pelo FIFA 23. Não que eu hoje caia de amores, apesar de sentir vontade de continuar evoluindo no gameplay, mas é um misto de ver o que aquelas partidas 2D do passado se tornaram e a recompensa de continuar vencendo e evoluindo. Para quem está começando, como eu, o offline é bem mais indicado para dar uma base. Já o FUT está ali para aqueles que não se espantam mais com a dificuldade que a EA oferece.
Falando nela, ouso dizer que a tecnologia Hypermotion 2 é um dos maiores ápices da tecnologia relacionada aos videogames atualmente. Quando isso for integrado aos gráficos da Unreal Engine 5 e também às grandes narrativas desta indústria, mal posso mensurar o estrago que fará dentro de um videogame. Quem jogou FIFA 23 e não sentiu o time oponente te apertando cada vez mais no decorrer das partidas, mentiu. Ao menos nas versões de PlayStation 5 e Xbox Series.
Uma mãozinha da comunidade
Além deste vislumbre que tive com o título, também devo agradecer imensamente à comunidade que me acolheu de forma tão bacana. Sei que tem muitos elementos tóxicos e gente que só quer esculhambar nas redes, porém não foi o que eu encontrei durante minha progressão ali. A todos que eu perguntava algo, ainda que de forma online ou offline, foram surpreendentemente empáticos e auxiliaram com a execução de movimentos mais elaborados e dicas no geral.
Foi através deste pessoal que entrei de cabeça no modo Carreira, me mostrando que há sim para onde correr caso deseja uma experiência mais completa dentro do que FIFA 23 oferece. Minha falta de Alex Hunter foi suprida na versão dos técnicos, já que escolhi Ted Lasso e o AFC Richmond para comandar durante a temporada europeia e seus campeonatos. Não assisti a série ainda, mas queria um rosto mais familiar para não ficar tão distante assim. Bom, acertei em cheio.
Ali, caros leitores, que bati o martelo na maestria do que a EA queria demonstrar neste fim de parceria. Experimentar as janelas de transferências, os pulos para fazer o orçamento bater corretamente, as negociações e até disputar as próprias partidas são puro ouro. Botei menos fé nele inicialmente, até ver a moral da equipe se elevando a cada vitória, mensagem respondida e nas coletivas de imprensa que são realizadas ali.
Algo que eu tenho a reclamar, qual realmente me deixou menos envolvido, é a pura repetição de respostas prontas. Ok, eu sei que na vida real também funciona assim, mas dava para terem se esforçado um pouco mais. Às vezes inventavam uma revanche que nunca existiu, questionavam sobre o sucesso de determinado jogador ou se o time estava preparado mais vezes do que pude contar. Tanto que tive de perder uma delas para ver outras questões – óbvio, não foi por falta de habilidade, mas sim por mergulho jornalístico, é verdade este bilhete.
Outra coisa que saiu o 22, entrou o FIFA 23 e até hoje não conseguiram fazer funcionar são os times brasileiros dentro do jogo. Você os encontra por aí, mas a dificuldade para localizá-los é algo bem chato para os fãs, principalmente pela falta de alternativas no mercado. Ou você se importa com eFootball 23? Enfim, é alguns na Libertadores, outros localizados apenas nos times afiliados pela Conmebol, uma zona só. Se eu que não me importo tanto com isso me senti incomodado, imaginei aqueles que fazem questão de seguir com sua equipe do coração.
Isso sem falar nos nomes, cujos direitos aqui no Brasil seguem uma ideia completamente desvirtuada do restante do mundo. Neste caso dos times e apelidos corretos, nem sinto isso como culpa da Electronic Arts para ser bem sincero. Porém, nunca terem encontrado uma alternativa útil para os dois lados sempre será um grande impasse aos que buscam uma experiência completa. Antes que falem, eu sei que dá para fazer no modo criação e tudo mais, porém parte dos jogadores casuais perdem nessa. E bastante, diga-se de passagem.
É melhor, ponto final
Voltando a falar do próprio título, em resumo, ele acaba sendo a experiência definitiva da franquia. Demorou, tivemos inúmeros altos e baixos, mas é uma carta de amor que a desenvolvedora preparou para aqueles que seguiram com paixão até aqui. Depois de testar tudo o que o FIFA 23 teve a oferecer, fui dar uma fuçada nos anteriores e é inegável a melhora que ofereceram.
Um pouco mais aprimorado que os anteriores? Sim, não é nenhum salto gigantesco. Porém, para quem está em busca de algo divertido e acabou pulando os demais por qualquer razão que seja, é nele que deveria investir. E eu falo por mim, já que futebol nunca foi um amor na minha vida e nem algo crucial no universo dos games, mas foi o suficiente para me deixar besta com tudo o que vi e fissurado em mais partidas. Seja pelas mãos do PSG, FC Barcelona, Santos Futebol Clube, Corinthians, Flamengo ou qualquer outro, será um show bem na sua frente.
O futebol feminino também foi uma excelente adição, possibilitando que ganhem ainda mais destaque dentro da EA. Não são tantos times e Ligas, mas as que tem por lá vão agradar ao público. Isso é uma certeza. E, falando em surpresas, Natália Nara como a primeira narradora feminina no Brasil é muito bacana de se ver e mostra que eles finalmente estão ouvindo a voz do seu público. É uma expansão natural do cenário e ficou muito bacana sendo adicionados aos que já são conhecidos: Caio Ribeiro e Gustavo Vellani.
O conteúdo de FIFA 23 deve se expandir muito mais quando recebermos as atualizações que trarão tanto a Copa do Mundo de Catar quanto a competição mundial feminina, que ocorre no ano que vem na Austrália e Nova Zelândia. Então, se inicialmente nada disso te chamar a atenção – o que acho muito difícil de acontecer – ainda tem coisa chegando e que vai ganhar seu espaço dentro do hall principal que está sendo oferecido.
De resto, é só correr para o abraço. É notado um grande esforço para ganhar o coração dos jogadores e neste aspecto eles levam de goleada. Longe de ser um jogo perfeito, ele está em um patamar que muitos desconsideram, mas que deviam prestar atenção: ele é o game ideal. Nem tudo está 100%, mas o que está funcionando chegou a todo vapor e vai cumprir o seu papel com louvor.
No ano que vem teremos EA Sports alguma coisa, talvez um eFootball 24 e algum jogo de futebol aleatório como Mario Strikers: Battle League ou Captain Tsubasa: Rise of the New Champions. Já o bom e velho FIFA? Ficará no passado, uma boa memória que tivemos juntos de algo que se construiu ao longo de quase três décadas. Mesmo que outra produtora assuma, como a 2K, todos sabemos que não será a mesma coisa. Então porque não nos divertimos com este ato final que a franquia nos proporcionou?