A cada ano podemos encontrar um título que se arrisca em explorar um mercado criado por títulos “Zelda-like”. Em 2017, a Castle Pixel surpreendeu os fãs mais exigentes do gênero com o lançamento de Blossom Tales: The Sleeping King e retorna agora, cinco anos depois, com The Minotaur Prince para comprovar o antigo ditado de que “em time que está ganhando não se mexe”.
Os haters chamarão de “mais do mesmo”, enquanto os amantes de um bom indie ficarão felizes em jogar esta boa continuidade de uma fórmula que carece de lançamentos. Divertido, simples e agradável reforçam que a pequena Lily pode ter diversos capítulos pela frente.
Uma história da história
Gostaria de deixar claro que Blossom Tales 2: The Minotaur Prince é uma sequência do primeiro jogo, mas que não exige que você tenha jogado seu antecessor. Isso acontece porque a fórmula utilizada pelos desenvolvedores baseia-se em uma história sendo contada pelo avô de Lily.
Enquanto o primeiro jogo tinha foco em apresentar uma heroína, neste novo capítulo, distribuído pela Playtonic, famosa pelos seus sucessos indies, retornamos ao mundo mágico que abriga os contos de Blossom Tales para acompanhar uma nova história de Lily, agora em busca do seu irmão Chrys, que foi raptado pelo Rei Minotauro. Sim! O velhinho sentado com os netos em uma fogueira contará uma nova aventura que carrega os mesmos nomes dos dois irmãos.
Não espere grandes reviravoltas e revelações na narrativa, mas o mais legal é a interação entre quem está contando (o avô), os ouvintes (os dois irmãos) e o jogador (você). Algumas vezes temos a opção de escolher qual tipo de desafio vamos encontrar nas masmorras, assim como alguns acontecimentos acabam sendo corrigidos ou pontuados por Lily ou Chrys.
Através dessa dinâmica narrativa você precisará percorrer este mundo por dungeons atrás de chaves que abrirão o labirinto (de um Minotauro, como uma bela referência mitológica) para salvar Chrys. Com o desenrolar dos acontecimentos, pontuações de Lily e Chrys, além das escolhas ou ajustes, você será guiado numa sequência de destinos e desafios por pouco mais de 10 horas.
Uma grata sensação de déjà vu
Tudo parece familiar e isso não é um problema ou erro. Você enfrentará “castelos” inimigos em paisagens comuns aos jogadores como, por exemplo, floresta, deserto e pântano. Alguns lugares novos me surpreenderam e pontuaram muito bem a aventura, com uma tartaruga gigantesca ameaçada por piratas e uma mansão assombrada por sua mobília ameaçadora.
Assim como os cenários, a fórmula explora a busca de novos itens e armas que abrirão caminho até os chefes e mini-chefes, além de ser a ferramenta fundamental para vencer e completar uma etapa do desafio. Esta sequência será repetida por pelo menos três grandes dungeons, dentre os desafios menores, ao longo das cinco áreas do mapa que este mundo possui. Ao todo são mais de 10 masmorras.
Mesmo tendo a falsa sensação de repetição ou falta de inovação, a Castle Pixel conseguiu criar um mundo vivo. Os seres deste mundo preenchem as áreas que você percorrerá, animais e criaturas interagem com você, além de certos inimigos serem muito inventivos. Tudo contribui para uma experiência completa e fácil ao longo do tempo de jogatina.
Confesso que muitos chefões acabam tendo um combate repetitivo, mas por termos um jogo com raízes ao estilo dos anos 90 e muito baseado em A Link to the Past, em que você ataca de três a cinco vezes, após escapar de um ataque, para eliminar seu inimigo.
Jornada vívida e florida
Os desenvolvedores conseguiram tratar visual e musicalmente um universo cheio de cores, elementos e vida. Blossom Tales respeita ao máximo seu título para tratar de uma aventura épica, contando sua história de maneira divertida, evoluindo seus personagens ao longo da jornada e acompanhado de uma jogabilidade simples e funcional.
Embarque em mais um capítulo fantástico da pequena Lily, em um mundo desenvolvido em uma base quadriculada, mas que consegue sair do quadrado e ir além da sua própria referência. Com certeza não somente os fãs de Zelda curtirão este título, mas todos aqueles que gostam de uma boa aventura com cara de um cartucho do SNES ou Game Boy Color.