12 is Better Than 6 é um top down shooter, gênero forte de uns anos para cá graças ao sucesso de Hotline Miami. Produção da Ink Stains Game publicada pela HypeTrain Digital, possui um estilo desenhado à mão onde o azul, o branco, o preto e o vermelho de sangue predominam.
Ambientado no Velho Oeste, é um jogo longo e separado por quatro atos com uma história razoável. Entregando uma jogabilidade aceitável, com uma disponibilidade de controles que acaba atrapalhando, 12 is Better Than 6 não é chato igual assistir uma bola de feno passando pela estrada, mas não limpa as botas dos melhores games de bang bang já feitos.
Tell me your name, Cabrón!
O início da aventura de nosso personagem se dá em 1873, ano em que o pau comia solto e a lei da arma é a que valia. Em um belo dia, ao acordar em uma pedreira e sem saber a razão de estar lá e muito menos o próprio nome, precisamos buscar pistas do que está rolando. Sob a orientação de Juan, um novo colega de serviço, o protagonista é aconselhado a apenas trabalhar e calar a boca para sobreviver, já que comuns são as mortes dos trabalhadores (entenda-se prisoneiros escravizados), pelos supervisores.
Cerca de um mês se passa quando em mais um rotineiro dia, a morte de Juan é sentida. Destemido e com sangue nos olhos, o herói do sombreiro decide vingar a morte do falecido e parte em busca de vingança, sempre municiado com armas poderosas e um linguajar tão sujo quanto o balcão de um saloon.
Nesta nova vida bandida (ou não tão nova assim?), a perseguição pelas suas memórias e os corpos de geral são os grandes componentes das muitas horas de 12 is Better Than 6. Com uma reviravolta aqui e ali, o destaque fica para os combates sempre intensos e divertidos, em que muitas vezes será necessário morrer duzentas vezes para entender a melhor estratégia a ser seguida. Morte, inclusive, não significa game-over e sim uma nova chance.
Retrato em papel do Velho Oeste
Com sua proposital limitação gráfica, 12 is Better Than 6 oferece um trabalho digno por parte dos desenvolvedores. É possível notar a atenção deles em todas as cidades que visitamos. São salões, igrejas, casas e ranchos, além de baias para cavalos, galinheiros e chiqueiros. Fenos, cactos, rochas e vegetação típica da região são vistas a todo o momento. Nos sentimos por lá.
A caracterização dos personagens, mesmo que vista de cima, é fiel. São chapéus mexicanos de todos os tipos, passando pelos chapéus de cowboy e suas famosas botas. Há também NPCs que nos contam mais sobre a área e até oferecem missões. Para quem gosta, o jogo é 100% linear. Para os que curtem mais liberdade, vale a chance.
Lotado de conversas misturadas entre o inglês e o espanhol e sempre carregadas nos palavrões, o trampo foi minucioso. Para aqueles que não dominam o inglês a nota triste é que não há tradução para o português e sendo bem sincero, palavras mais difíceis e textos longos podem afugentar alguns.
Este lugar é pequeno demais para nós
Já que os combates fazem parte do grande motor aqui, encontramos um bom arsenal. Arcos e flechas, passando por dinamites e chegando até mesmo aos canhões, por falta de opção é que não reclamaremos. Buscando um lado mais realista, precisa-se ser inteligente ao atirar já que as munições acabam rápido e não há qualquer arma com balas infinitas. O lado bom é que podemos roubar tudo de nossos adversários.
Podendo carregar apenas um tipo de arma de fogo, sempre teremos a companhia de uma faca para quando a coisa apertar ou caso optemos por uma jogabilidade mais sorrateira. Funciona bem. O que atrapalham são os controles, não os achei práticos. Confusos, em determinados lances te deixam mais perdido do que qualquer coisa. A causa seria o port do PC para o Nintendo Switch? Pode ser.
12 is Better Than 6 mostra o quão complicado era atirar antigamente. Utilizando a antiga mecânica de pressionar um botão para armar e o mesmo, depois, para soltar chumbo, temos sessões de tiroteio bem pensadas. Aquele papo encontrado nos filmes de que o mais rápido irá sobreviver, vale. Ninguém terá pena de ver seu sangue no chão.
Pistoleiro mais ligeiro do Oeste?
Mesmo que repetitivos, os confrontos são bons. Contudo, não há qualquer diferença de força ou habilidade, o que com o tempo torna a jogabilidade maçante. O jogo é longo e não une tão bem assim jogabilidade e história, pois esta é arrastada e com dificuldade para entregar empatia na causa.
Para quebrar um pouco a morosidade, é possível participar de missões secundárias; mesmo que não alterem muita coisa, fogem um pouco da mesmice. Há ainda como melhorar o personagem a partir da grana arrecadada (ou roubada) pela cidade. Dá, por exemplo, para dobrar o número de cartuchos das armas e alavancar razoavelmente o nível de nosso rebelde com causa a partir de outros upgrades. Por fim, alguns modelos de sombreiros também estão disponíveis.
Outro ponto que merece atenção é como a câmera acompanha o jogador. Sendo a jogatina intensa, ela precisa estar afiada, entretanto, vez ou outra, isso não acontece. Já que ela nada mais é que sua mira, quando em descanso sua visão fica limitada e, ao acioná-la, diversas vezes não preenche com amplitude. Acredito que outros jogadores terão a mesma sensação que tive.
Nem tão rápido assim, cowboy!
Dentre os problemas apresentados, a lentidão no modo portátil e também na TV incomodam. Isso ocorre sempre que há muitos inimigos em tela. Cercado por seis ou sete é certo que haverá atrasos. Acontecem gradativamente.
Quando falamos de música, falamos de algo não tão criativo assim. Se os gráficos são bem trabalhados e as batalhas minimamente divertidas, o mesmo não pode ser descrito para a trilha sonora. É bem chatinha. Sentimento que fica é de um filme B.
A junção de história boa, jogabilidade boa e música boa já nos entregaram espetaculares top down shooters. Preciso citar Hotline Miami 1 e 2? 12 is Better Than 6 entrega uma história rasa, jogabilidade rasa e música também rasa. Parâmetros iguais para um jogo mediano.
Ida ao Texas poderia ser mais empolgante
Primeira vez que bati os olhos no game tive a sensação de se tratar de um bom título. O mesmo ocorreu quando vi os Hotlines e mais recentemente com The Hong Kong Massacre. Às vezes se acerta, em outras não. Aqui fica-se no meio. As ideia são boas, a história tinha tudo para vingar mas não vinga.
Depois de jogar, ficou claro para mim que 12 is Better Than 6 até tenta atingir um nível alto, mas falta gordura e pitadas de criatividade. Os caras bem que tentaram, mas não serão ainda os últimos atiradores do Oeste a ficar de pé.