Em Darksiders, é contada a história do protagonista War. Uma guerra entre o Céu e o Inferno é travada na Terra e War, um dos Quatro Cavaleiros do Apocalipse (junto de Death, Strife e Fury), é convocado pelo conselho para restaurar o equilíbrio entre os reinos. As coisas não vão bem e War acaba por desencadear o Armageddon, extinguindo a raça humana. Darksiders II continua esta história agora sob a ótica do cavaleiro Death, que tem como objetivo salvar seu irmão, reviver a raça humana e dar cabo no vilão Absalom.
Apesar de ser uma continuação direta, não é necessário jogar o primeiro game para entender a história. Darksiders II explica bem os eventos anteriores na abertura do jogo, mas conta com uma história nova e muito bem elaborada. Death é um personagem interessante, imponente, brucutu, e com um vozeirão e tanto (dublado pelo ator canadense Michael Wincott). Seu visual chama a atenção pela criatividade, bem como todo o elenco de personagens principais e secundários. São todos bem originais, com personalidade e ótimas dublagens, e o extenso bestiário não fica pra trás em qualidade.
The Legend of Prince Diablo of War
Darksiders II traz a mesma fórmula do game original: uma mistura eficiente da jogabilidade de The Legend of Zelda (exploração), God of War (combate) e Prince of Persia (parkur). A novidade fica por conta do sistema de equipamentos baseado em Diablo, no qual Death pega itens derrubados pelos inimigos. Você encontra foices, armas secundárias (martelos, lanças, maças, etc), ombreiras, luvas, peitorais, botas e talismãs com atributos variados. Mais bacana ainda é ver o visual de Death mudar conforme o que ele veste. O combate agora mescla ataques de foice com a arma secundária, possibilitando uma boa variação de combos. Você ainda pode treinar Death para aprender vários golpes especiais, investindo ouro ao conversar com alguns personagens específicos. Outros funcionam como lojistas, vendendo equipamentos e itens. Vulgrim retorna, agora dando ótimas recompensas em troca de relíquias encontradas durante as missões.
Death conta com a ajuda de seu cavalo Despair e o corvo Dust, que serve como guia para não se perder nas missões. Assim como no game anterior, o cavalo é útil para percorrer longas distâncias no mapa. Já o mesmo não pode ser dito sobre Dust, que muitas vezes o confunde sobre a direção correta a percorrer, ainda mais quando a “dungeon” possui muitos andares. Pelo menos Dust o acompanha por todos os lugares, enquanto Despair só pode ser evocado apenas em locais abertos.
Ao longo da aventura, Death ganha a pistola Redemption (parecida com a Mercy de War), uma mão espectral (Deathgrip) para agarrar coisas, e a habilidade de liberar sua íra (Wrath) para se transformar temporariamente no ceifador. Você ganha também outros poderes importantes como o Soul Splitter (para dividir-se em duas almas), mas as mais importantes mesmo são as habilidades especiais. Elas são divididas em duas categorias: Previsão (Harbinger) e Necromância (Necromancer). Ao subir de level você destrava novas habilidades e pontos para investir nelas, como teleporte, golpe giratório, aumento temporário de força, ataque de vampiros, ataque de corvos, e etc. As habilidades são interligadas e podem ser evoluídas até o nível 3. Melhor ainda é a possibilidade de zerar sua configuração e investir os pontos novamente nas habilidades que preferir.
Morte não fala, mata!
Uma das coisas que não gostei em Darksiders II foi a inclusão de um sistema de diálogos no qual você escolhe as alternativas. Seria uma boa ideia se as escolhas afetassem o progresso do jogo de alguma forma. Mas, ao invés disso, é apenas um enfeite para você escolher a ordem das perguntas referente à missão em progresso. Por que não colocar os diálogos todos lá, direto e reto? No máximo permitir que o jogador converse de novo com o NPC para ele repetir suas frases. Chega uma hora que você começa a ignorar os diálogos, de tanta coisa que tem para absorver. E olha que o jogo é longo, dura mais de 15 horas seguindo a campanha principal (fora as missões secundárias).
O mundo de Darksiders II é rico em detalhes e oferece uma boa história, mas a quantidade de informação acaba por cansar o jogador. Além do excesso a história peca pelos clichês, como locais chamados “Árvore da Vida”, “Fonte das Almas” e “Reino dos Mortos” , entre outros exemplos. E, por estranho que pareça, a história não fala muito sobre o protagonista. Parte das missões acabam por enfraquecer sua presença no jogo, com objetivos bestas do tipo “resolva isso pra mim que eu te ajudo”. Tais missões poderiam ter objetivos mais criativos, inclusive eliminando a obrigatoriedade de achar chaves para abrir tudo.
Os problemas são compensados com as ótimas batalhas promovidas por criaturas mais poderosas, sub-chefes e chefes de fase. Quando em quantidade as criaturas podem dar bastante trabalho, mesmo com todos os poderes que você adquire ao longo da jornada. Os sub-chefes geralmente guardam uma passagem importante ou uma chave, e os chefes aparecem para dar aquele tom épico à aventura. O chefe The Guardian, especialmente, promove uma batalha nas proporções de Shadow of the Colossus.
Darksiders II merece atenção por vários motivos, especialmente por deixar o game original no chinelo. Ele não é repetitivo como a aventura de War, mesmo seguindo sua fórmula original. O jogo é belíssimo e a trilha sonora, composta por Jesper Kyd (que também trabalhou nas franquias Assassin’s Creed, Hitman e Borderlands), potencializa tudo. Tenha você jogado ou não o primeiro Darksiders, não deixe de conferir esta continuação.