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O ano de 2010 começou bem, com ótimos games. Mass effect 2 está entre eles, uma seqüência cercada de expectativa já que o primeiro foi um sucesso de vendas e crítica. Mesmo misturando o gênero de RPG e ação com ficção-científica, o jogo não seria nada se não tivesse a mão da Bioware (produtora de Dragon Age: Origins e KOTOR). Esse pedigree trouxe certos detalhes, como as múltiplas escolhas de diálogos e diferentes caminhos que fizeram do primeiro jogo uma obra única. E esta sequência consegue superar as expectativas.

Tudo começa quando a Normandy, a nave em que o protagonista Shepard é comandante, é ataca e deixada em pedaços. Alguns membros da tripulação conseguem se salvar na última hora através dos módulos de escape de emergência, o que infelizmente não é o caso do nosso herói. Mas a jornada de Shepard não acabou, já que ele volta a vida graças aos esforços de uma organização pró-humana chamada Cerberus, comandada pelo misterioso Illusive Man (dublado com maestria por Martin Sheen). Mas porque essa organização se deu o trabalho de, durante 2 anos, reconstruir o que sobrou da carcaça do ex-comandante da Normandy? Bem, nesses dois anos que se passaram várias colônias humanas têm sido atacadas através das galáxias por uma raça alienígena de insetos chamados Collectors, que aparentemente estão colaborando com a raça inimiga número um de tudo que é orgânico no universo, os Reapers. É, eles mesmos, os grandes vilões do primeiro jogos estão de volta!

Mas o que os Collectors querem com esses ataques cabe a Shepard descobrir, que através da Cerberus consegue recursos, uma nova nave e certa autonomia, tendo que responder apenas ao Illusive Man – esse que desde o começo deixa na sombra o que quer realmente com tudo isso. A missão do comandante é juntar um time de especialistas, cientistas e guerreiros através da galáxia para poder combater a ameaça dos Collectors, além de descobrir o verdadeiro plano dos Reapers.

Mass Effect 2

Após esta introdução, você é jogado direto na ação: um ataque à base aonde você era mantido sob tratamentos médicos. Nos primeiros minutos já dá para perceber as melhorias, além da excelente direção de arte e aspectos técnicos (como as texturas e iluminação). O sistema de cobertura, que no primeiro jogo era um pouco frustrante, foi melhorado. Em outras palavras, você não sai mais da cobertura “automaticamente”. A Bioware resolveu o problema com um botão de ação para entrar e sair da cobertura, que é o mesmo da corrida, deixando a ação mais dinâmica na hora de mudar de uma cobertura para outra.

Outra melhoria é a inclusão do HP regenerativo: quando o seu escudo perde força, você começa a tomar danos. Basta esperar um pouco para a sua energia e escudo se estabilizarem. Chega de depender de Medi-gel; agora ele é usado apenas para trazer seus companheiros de volta a vida. Mas nem tudo é perfeito: às vezes, quando Shepard precisa subir num degrau mais alto, você precisa primeiro usar o degrau como cobertura antes de subir nele. Outro probleminha é a Inteligência Artificial do seu esquadrão, que costuma entrar algumas vezes na sua linha de fogo. Acontece também do esquadrão usar os objetos para ficar em cima deles, totalmente expostos, ao invés de usá-los como cobertura. Mas a pior coisa que pode acontecer é no meio do combate: seus companheiros saem correndo na direção oposta dos inimigos, te deixando sozinho.

Em relação a jogabilidade, agora as armas recarregam. Antes você tinha que controlar a cadência de seus disparos para evitar sobreaquecer e travar as armas. Agora, as armas possuem pentes controladores de temperatura que funcionam acumulando o calor causado pelo disparos. Chegando ao fim, você retira o pente da arma e volta a atirar, como se fosse um pente de munição.

Mass Effect 2

Se o gameplay e uso de armas foram recauchutadas, o gerenciamento de itens passou por uma verdadeira lipoaspiração. Granadas não existem mais e uma infinidade de armas, armaduras e tipos de munição também é coisa do passado. Agora você começa com um conjunto de armas dependendo da sua classe (apenas o Soldier pode usar todas) e vai encontrando upgrades ao longo das missões, que melhoram as características das suas armas como dano, penetração e quantidade de munição. Isso deixa as coisas bem mais simples, apenas se concentrando nos upgrades e evitando que você invista muito em um determinado equipamento. Esses upgrades não são mais exclusivos das armas. Agora os poderes também possuem upgrades, que melhoram o dano que causam, duração e o tempo para recarregar.

Ainda falando sobre os poderes, a Bioware decidiu dar uma boa enxugada em cada lista de poderes. Cada personagem possui habilidades únicas e específicas, fazendo que cada indivíduo seja necessário em diferentes situações. E como esses upgrades em poderes e armas são pagos? Alguns com dinheiro, outros com recursos naturais que são recolhidos da superfície de planetas espalhados por dúzias de sistema solares. Adeus ao veículo de exploração do primeiro Mass effect. Ele foi destruído com a Normandy e não volta mais.

Para conseguir minerais raros, basta navegar pela órbita do planeta escaneando sua superfície. Ao detectar uma jazida de algum recurso mineral, você lança uma sonda que recolhe o que você precisa. É um pouco mais simples, mas a longo prazo não deixa de ser chato. Mais chato ainda por ser absolutamente necessário para o seu esquadrão.

Mass Effect 2

Os cenários estão mais curtos e bem mais sinalizados. Nada de idas e vindas pelos mapas procurando aquele NPC para dar continuidade à sua missão. Os sistemas in-game mostram muito bem aonde se deve ir e que tipo de lojas há em cada lugar. E nos cenários aonde há combate, há muito menos espaços vazios a serem percorrer entre os combates.

Todas essas novidades técnicas e de gameplay são muito bem vindas e valorizam muito a parte de ação, deixando o jogo bem mais fluido. Mas e a história, continua a funcionar? Sim, mas de forma bem simplista. A Bioware parecer gostar de usar o plot “Raça-maligna-que-aparece-de-tempos-em-tempos-para-tocar-o-terror-na-humanidade“, vide Dragon Ages: Origins e seus darkspawns. A campanha principal leva cerca de meia dúzia de quests para ser completada. Mas o que faz de Mass Effect 2 ser realmente único são os membros do seu grupo e suas histórias.

Uma coisa que não se pode negar é que a Bioware sabe criar personagens profundos, extremamente únicos e carismáticos, sendo muito difícil de escolher um favorito. Temos o frenético Mordin, o calmo e obscuro Thane, e Legion, o aliado mais inesperado entre todos. No total, são 11 companheiros disponíveis e, em certos momentos, cada um deles pede que você o ajude em uma questão pessoal. Essas missões paralelas não apenas revelam mais detalhes sobre cada personagem como são, de longe, as melhores missões do jogo. Inclusive algumas delas requerem, no final, que Shepard tome uma decisão crítica que vai com certeza resultar em acontecimentos no terceiro jogo.

Mass Effect 2

No final de cada uma dessas missões, dependendo de como agiu você pode ganhar ou não a lealdade do seu companheiro. Se conseguir, uma nova roupa e uma habilidade exclusiva serão destrancadas. Falando em habilidades, devido a bela enxugada nas habilidades de cada personagem, você tem uma noção muito maior de estratégia a usar esse ou aquele outro membro, ao contrário do primeiro Mass Effect, onde o time era formado na maioria das vezes por aqueles que você achava mais carismáticos e com boas habilidades.

Com uma duração média de 20 a 25 horas, Mass Effect 2 é um jogo fantástico por justamente te fazer querer jogar ele de novo e de novo. Tanto que, atualmente, estou jogando de novo o game original com uma abordagem totalmente diferente, com a possibilidade de importar seu antigo personagem junto com todas as decisões críticas ou não que você fez, que irão alterar de forma sutil o seu caminho no segundo game. Os aprimoramentos na parte técnica fazem de Mass effect 2 um jogo de ação mais agravável, que pode atrair até quem não gosta muito de RPG. Para aqueles que gostam desse gênero não há nada melhor, com uma história contada com maestria e personagens que vão ser relembrados até a chegada do terceiro game. Mass Effect 2 é um excelente exemplo de como se fazer uma bela seqüência.