O que esperar de um shooter com visão isométrica que tem animais causando confusão por vários lugares onde passam e não estão nem aí para os demais? Acredite ou não, isso significou uma qualidade absurda para Clid the Snail. Ele é um título que será lançado primeiro no PlayStation 4 e PlayStation 5 em 2021 e depois chegará aos computadores, mas não se deixe intimidar por seu ineditismo. Com toda a agilidade de uma lesma, eles vão cativar até o mais cético dos jogadores.
No game você controlará Clid, um caracol que vive bêbado e carrega consigo algumas das armas mais perigosas do mundo animal. Em suas mãos vivem não apenas raios lasers, mas lança-chamas, tiros poderosos e diversos outros equipamentos que ele usará para sobreviver à jornada. Com ele viaja Belu, um vagalume que tenta manter o herói no caminho certo. Após ser expulso da Cidadela, ele se junta aos Alastor para enfrentar uma praga que ameaça a existência de todos.
Caracol ágil e competente
Apesar de você controlar uma criatura tão lenta, é raro ver tamanha velocidade como enxerguei em Clid the Snail. O estúdio Weird Beluga caprichou bastante nos confrontos, não trazendo apenas visuais espetaculares, mas também um excelente timing e possibilidades ao jogador. Dá para atirar, sair correndo, rolar, jogar uma granada, usar o ambiente como arma e se curar quando for necessário. E tudo isso sem a menor queda possível de quadros por segundo ou travamentos.
O mundo do game é extremamente detalhado, fazendo um grande contraste com o nosso próprio. Nele a humanidade parece estar extinta, mas não o suficiente para não vermos alguns rastros pelo cenário. Aqui e ali você vê algo que dá sinal que existimos naquela realidade, um lápis preso em uma das paredes. Uma tampa de refrigerante jogado no meio de algum confronto. Pequenos detalhes que te farão ficar curioso com o que aconteceu e o que pode estar por vir.
Apesar de você estar com uma lesma armada, veloz e furiosa, o grande foco de Clid the Snail é contar uma história. Segundo os desenvolvedores, não haverá múltiplos finais nem o fator multiplayer na aventura, o que pode incomodar algumas pessoas. Porém, para ser bem sincero, em minha experiência na versão de testes não foi nem uma de minhas preocupações. Tudo estava tão fluído, bem-posicionado e cheio de ação que eu mal senti falta de algo que permitisse escolhas.
Eles também afirmaram que foram completamente inspirados por jogos como Diablo e DOOM para criar os aspectos de seu título. Posso afirmar para vocês que isso funcionou tão bem quanto. Creio que o único problema que tive durante a apresentação hands-on foi não enxergar alguns buracos logo após atravessar um dos portais, devo ter caído duas vezes ali e não ver exatamente o caminho me incomodou. Também não dava para ver muito a sua distância para certos inimigos, que após você piscar já estão literalmente em cima de você.
É uma escolha de câmera e direção, que deixou você mais próximo do protagonista e cenário em Clid the Snail, ao contrário do próprio Diablo que toma uma certa distância para favorecer a sua visão. Sacrificar um pouco da visibilidade de estratégias para favorecer a performance dos visuais é uma escolha arriscada, mas deu para lidar bem com o que foi apresentado. Pelo que experimentei, o maior desafio do game será a sua resposta aos confrontos e puzzles, que vão abusar de sua agilidade.
Não me entendam errado, isso foi excelente e fazia tempo que não me sentia extremamente colocado contra a parede para desenvolver uma estratégia e prosseguir. Até puzzles opcionais não te facilitam e caso busque um desafio, aqui com certeza encontrará. Fatores de cura são escassos, salvamento apenas em pontos específicos e hordas de inimigos vindo para cima de você…alguns podem até reclamar disso. Porém, como afirmei acima, são escolhas de direcionamento e a proposta realmente é sobreviver a este mundo cruel.
A ascensão de Clid the Snail
Além de tudo isso, não posso deixar de falar sobre as batalhas contra chefões de Clid the Snail. Mesmo com Biomutant em minhas mãos, apenas neste jogo eu senti que estava enfrentando algo perigoso. Não que tenha passado por grandes apuros, mas os movimentos do grande rato que joga fogo e foguetes em você me obrigaram a recuar e criar algum esquema ao invés de sair voando para cima dele metendo bala. Funcionou, com a derrota dele vindo de primeira.
Outra coisa que você vai achar curioso é o humor extremamente ácido e as referências do jogo. Clid ficando bravo pelo rato estar queimando o bar foi o ponto onde perdi a seriedade por completo e gargalhei. Fãs de anime, o estúdio Weird Beluga também colocou um certo sapo ninja no meio do game. São detalhes assim que vão conquistar a maioria do seu público e tornar a experiência em algo que vai além do “mais do mesmo”. Com certeza nem passará perto disso.
Olha, para um jogo idealizado em uma gamejam e com uma equipe formada em 2019, Clid the Snail ultrapassou todas as minhas expectativas. Não é à toa que a PlayStation tenha premiado o título, deixando os holofotes brilhando para ele seguir seu caminho. Apesar da exclusividade na plataforma, eles não descartam versões para outros videogames no futuro também. Segundo o time, pensarão nisso após o lançamento prometido e vendo se está tudo funcionando perfeitamente neles.
Não subestime este minúsculo universo, sendo bem sincero eu não esperava que ele me surpreendesse tanto. Seja pelos pequenos detalhes que vi ou pelos combates que vieram até mim, eu mal posso esperar para tê-lo em meu PlayStation 4. É aquele tipo de jogo que vai passar despercebido por você nas listas gerais, mas que se você botar as suas mãos não vai querer tirá-las dali. Confia.