Skip to main content

Tales of Vesperia é um dos muitos JRPGs que comecei e nunca terminei. Inclusive está na minha lista da vergonha desde o lançamento original, em 2008. A vida passa, trocentos outros games surgiram para ocupar meu precioso tempo e de lá pra cá tive que ignorar muitos JRPGs. Mas quando a Bandai Namco anunciou que lançaria uma versão definitiva, eu logo fiz a promessa de desfrutar desta obra com toda a atenção do mundo.

Tales of Vesperia é um dos jogos mais aclamados da série Tales of, se enquadrando facilmente no top 5 de muitos fãs. E olha que ao total são 16 títulos principais, sem contar algumas sequências e spin-offs. Meu primeiro contato com a franquia aconteceu na época do PlayStation 1, com Tales of Eternia (2001). Mas diante de tantos JRPGs igualmente incríveis no console de estreia da Sony, eu logo deixei Tales of Eternia de lado para nunca mais jogar.

Agora não tem desculpa

Mais de 10 anos se passaram e Tales of Vesperia é re-lançado para PC e consoles da atual geração. Sendo um feliz dono de Switch, não dava mais para escapar. Este review está saindo só agora, mais de um mês após o lançamento, pelo simples fato de querer curtir esta experiência o máximo possível e sem pressa. Foi a melhor decisão que tomei, em meio à avalanche de lançamentos.

Imagem do jogo Tales of Vesperia: Definitive Edition
Corre, cambada! O navio está zarpando.

Em comparação com a versão original, de Xbox 360, os gráficos ficaram levemente mais polidos e com melhor performance, rodando cravado nos 60 FPS. No Switch roda igual somente nas batalhas e cenários fechados, em 30 FPS no geral. Mas o que realmente vale nesta edição é o conteúdo adicional, que inclui eventos, músicas, minigames, chefes, roupas e dublagens inéditas. O cast original de vozes foi mantido exceto por Troy Baker, voz do protagonista Yuri Lowell, que foi substituído por Grant George. A Bandai Namco não se pronunciou sobre o caso, Troy se sentiu traído, mas posso afirmar que ambos possuem o mesmo tom de voz. Na prática, mal dá para notar quando é a voz de Grant nas novas linhas de diálogo.

Tales of Vesperia pode ser jogado sem conhecer qualquer outro game da série Tales of. Sua história é independente e retrata o mundo de Terca Lumireis, onde uma fonte de energia chamada blastia é usada para todas as necessidades. Blastia consome uma substância mística chamada “aer” e é usado essencialmente para proteger cidades da invasão de criaturas. A trama começa quando um núcleo de blastia é roubado causando caos na distribuição de água no bairro inferior de Zaphias, onde mora o ex-cavaleiro imperial Yuri Lowell e seu cão cachimbeiro Repede. Na cola do ladrão, Yuri invade uma propriedade particular e é preso. Durante a fuga ele conhece Estellise, uma mulher nobre que está em busca de um amigo em comum que desapareceu, chamado Flynn Scifo. O que era para ser uma simples missão logo vira uma longa jornada.

Imagem do jogo Tales of Vesperia: Definitive Edition
Os diálogos são impecáveis, enaltecendo a qualidade da história e suas personagens.

Não dá para negar que este game oferece uma das histórias mais maravilhosas que já presenciei em um JRPG. O começo pode ser um tanto lento e monótono, mas não demora para você se apaixonar por Yuri e as amizades que faz durante a aventura. O jovem Karol Capel, que carrega um martelo maior que sua estatura; a excêntrica e anti-social Rita Mordio, estudiosa de magias e com uma certa tara por blastias; o experiente Raven, que vive reclamando do trabalho e da sua idade; a belíssima Judith, habilidosa com lança; e a pequena Patty Fleur, que está em busca do tesouro perdido do lendário pirata Aifread. Na versão original de Xbox 360, Patty não era jogável (apenas mencionada em alguns diálogos). Depois, com o port para PlayStation 3, ela ficou jogável e substituiu Tokunaga como piloto do navio Fiertia.

A química entre as personagens é incrível, com diálogos muito bem escritos. Até nas coisas simples, como Yuri dando sustos no pobre Karol, o jogo te arranca sorrisos. E mesmo quando os diálogos ocorrem de forma minimalista, ao ativar conversas secundárias opcionais que ocorrem em pequenos blocos animados, você é surpreendido pelo humor. Rapidamente você passa a se importar com cada um deles, conhecendo seus passados e motivações nesta aventura que cresce exponencialmente. E quando rolam as cenas de anime, meu Deus, não tem como não se apaixonar.

Sistema de combate exemplar

Em termos de gameplay, o jogo promove a exploração de cidades, dungeons e o mapa mundi tradicional do gênero. Mas é no sistema de combate, que não envelheceu com o tempo, onde o jogo realmente brilha: você pode mover-se em linha reta ou livremente pela arena, escolhendo os alvos que deseja atacar. Você pode pular, defender, esquivar, os ataques funcionam em combos (que mudam conforme a direção do analógico) e podem ser conectados por Artes, habilidades especiais adquiridas com a evolução de nível das personagens. O tempo todo você estará aprendendo coisas novas e isso é muito gratificante.

Imagem do jogo Tales of Vesperia: Definitive Edition
As novas roupas e acessórios dão um tchã extra no visual dos aventureiros.

Embora Yuri seja o protagonista central, você pode mudar a ordem da party para controlar outra personagem durante as batalhas. Isso ajuda a entender melhor como cada um funciona. E como nem sempre a inteligência artificial dos NPCs ajuda, é possível escolher quais Artes você quer ou não quer que cada um use – algo imprescindível em batalhas contra chefes após descobrir seus pontos fracos (por exemplo: fazer todos utilizarem Artes com dano de fogo). Você aprenderá várias Artes, mas só poderá escolher quatro por personagem. O jogo oferece também o Over Limit: quando a barra enche, você pode disparar um longo combo de golpes rápidos por um determinado tempo. Por fim, você aprenderá a usar o Fatal Strike: um golpe especial que mata o inimigo instantaneamente e causa um belo dano em chefes.

Além da tradicional customização de equipamentos e habilidades da party, temos a síntese de materiais para criar itens e a possibilidade de cozinhar pratos que dão status distintos. Posteriormente na campanha, Yuri recebe um anel cujo disparo pode ser utilizado para resolver puzzles e imobilizar ou atordoar os inimigos para iniciar a batalha com vantagem. As criaturas também podem te alcançar pelas costas, ganhando uma pequena vantagem no ataque. Aliás, dá para mudar a estratégia da party nos combates para moderado, todo mundo pra cima do inimigo ou defensivo. Se desejar ser ainda mais minucioso, é possível mudar a estratégia individual de cada personagem.

Imagem do jogo Tales of Vesperia: Definitive Edition
Contra os chefes, a surra está garantida! Não haverá uma batalha fácil contra eles.

Isso tudo pode parecer complicado à primeira vista, mas não demora pra pegar as manhas do combate. Tudo é muito bem explicado, com atalhos práticos pra cada coisa. O real desafio está em conseguir o maior combo de golpes, consequentemente causando o maior dano possível no inimigo. Quanto à dificuldade, tudo é bem equilibrado e o game só exige grinding antes dos chefões. As novas missões, com chefes inéditos, estas sim promovem um belo desafio.

Tales of Vesperia: Definitive Edition é absolutamente obrigatório. O JRPG perfeito para os iniciantes na série Tales of ou mesmo no gênero. Tá certo que no Switch o game não roda sempre lisinho como nos demais consoles e PC, mas ter esta obra prima na palma da mão para levar e se divertir aonde quiser compensa totalmente este detalhe.