Antes de falarmos de Graven, temos que voltar no tempo. Em meio à guerra de consoles que Sonic e Mario travavam nos anos 1990, o PC apresentava enxurradas de jogos em primeira pessoa. Naquela época, o foco dos consoles eram os jogos de plataformas e praticamente todo console da década de 90 (de 8-bit até Nintendo 64) focavam nesse gênero. Já os PC Gamers tinham à sua disposição títulos que iam desde Wolfenstein 3D (1992) com tiroteios rápidos, depois Doom (1993) com a ação frenética contra demônios dos mais variados e Hexen (1995), que era mais sombrio e envolvia magia. O interessante é que todos esses títulos foram desenvolvidos ou publicados pela ID Software, referência e praticamente criadora do “boomer shooter”.
Com esse cenário em mente, Graven, desenvolvido pela Slipgate Ironworks e distribuído pela 3D Realms e 1C Entertainment, chega para trazer a nostalgia resgatando a essência do gênero em seu ápice de quase três décadas atrás. Pra quem não é familiarizado com o termo “boomer shooter”, nada mais é que um jogo em primeira pessoa com movimentos rápidos, tiro para todo lado e muitos inimigos na tela. Bom, nem sempre precisa ser bala voando para tudo que é lado, como é o caso de Hexen, aparentemente a principal influência em Graven.
Magia em tempos de epidemia
Graven ainda se encontra em acesso antecipado, mas o que dá para entender da história é que você, o protagonista, sem saber o porquê, chega em uma pequena cidade com cara de Europa medieval, inclusive no meio de uma epidemia. Nesta cidade, você vai encontrar pilhas e pilhas de corpos humanos. Durante o que se pode jogar nessa versão, você conversa com poucos NPCs que o direcionam para missões. Na verdade, dos vários NPCs espalhados pela cidade, somente dois dão a você essas missões. Por enquanto não teve muito desenvolvimento nesse sentido.
Você começa com um cajado, que não tem poder nenhum, como se fosse um pedaço de madeira qualquer pra bater nos inimigos e, mais adiante no jogo, ele assume um papel mais importante. Logo no início, quando você aceita a primeira missão, você acha um livro mágico contendo o poder do fogo. Mas não se engane, não é possível soltar labaredas de fogo, ou qualquer outra coisa do tipo. Você só conseguirá incendiar alguns itens específicos a curta distância.
Apesar de não ser um Wolfenstein ou Doom, em Graven é necessário se movimentar bastante enquanto enfrenta os inimigos. É muito fácil morrer com três hits, por isso a importância de se mexer enquanto ataca, principalmente porque o jogo é focado em combates próximos com armas brancas. Nesse acesso antecipado, você tem o cajado e uma espada que é possível ser adquirida um pouco depois do começo do jogo. Ela é consideravelmente mais forte que o cajado e vai ser sua arma principal.
Ainda sobre o arsenal, junto do cajado e a espada, temos: um lançador de flechas que é encaixado no braço, o Fletchant, um lançador de projéteis (pedras) e o Peat Burner, um lançador de projéteis explosivos. Ou seja, essas armas que disparam são equivalentes a uma pistola, uma shotgun e uma lança granadas. São bem úteis para evitar combate próximo e abater inimigos voadores. Suas munições não são escassas, então dá pra usar e abusar. Bom, dava. Uma atualização que veio enquanto eu jogava o acesso antecipado mudou algumas coisas.
A variação de inimigos ainda é bem pequena. Por todas as regiões que é possível ir por enquanto, você enfrentará pessoas infectadas. Esses inimigos geralmente vêm em grupos. Fora eles, tem uns monstrengos quadrúpedes, caveiras com armaduras, monstros voadores e uns humanoides bem fortões. Não tem muito segredo ao enfrentar eles, já que eles são programados pra vir pra cima e dar porrada. Coisa normal nesse gênero.
Uma ambientação opressiva
O jogo tem uma ambientação bem pesada, obscura e com cara de que coisa boa não tá acontecendo. Além da primeira cidade, você tem os esgotos, e mais adiante uma área aberta bem grande onde se passará grande parte do acesso antecipado. É bem fácil se perder, o que aconteceu muito comigo, já que o mapa não é tão preciso, pelo menos por enquanto. Depois de muitas tentativas rodando para todo os lados, você acaba decorando os lugares.
O jogo traz uma característica de um metroidvania, que é possível ver em vários outros jogos como Resident Evil e Dark Souls: o vai e volta para o mesmo lugar fazendo o leva e traz de itens. Muitos atalhos vão sendo abertos conforme avança, algo que lembra muito os dois jogos citados. Ah! E tem easter egg de Dark Souls, um bem legal, inclusive. Dentro do que está disponível, é possível encontrar apenas um puzzle, e até é desafiador.
A movimentação é bem rápida, principalmente segurando o “Shift” para correr. Porém existe uma barra (na verdade um círculo) de estamina, mas ela só gasta quando você corre e nada. Sobre o HUD do jogo, é bem simples, não é algo para se perder. No canto inferior você terá os itens equipados com seus respectivos números de atalhos para acessá-los, além dos indicadores de vida e magia. Os menus são simples de navegar, já o mapa é bem confuso. A indicação de sua posição some algumas vezes. O mapa chegou a ser atualizado enquanto eu jogava, mostrando mais marcações, mas ainda não é o suficiente para evitar que você se perca.
Graven é um jogo promissor. A desenvolvedora está de olho no feedback da comunidade e já até soltou uma atualização com algumas mudanças e melhorias baseadas no que os jogadores estão falando. Ela já divulgou um roadmap (um cronograma) das atualizações e novidades legais estão por vir, como coop e multiplayer online. Por enquanto o jogo é exclusivo de PC, através da Steam, com lançamento para consoles após a finalização da versão de PC.
A Slipgate Ironworks garantiu três grandes atualizações, em que serão adicionados mais regiões, armas, inimigos e melhorias: uma agora no meio do ano (nosso inverno); outra na primavera e outra no verão. O lançamento final está marcado para o primeiro trimestre de 2022.