Chegamos ao final de mais um temporada de Castlevania na Netflix. Assim aparentemente chegamos ao fim também do arco de Trevor Belmont, Sypha Belnades e Adrian Fahrenheitz Tepes, contra os remanescentes da força de seu pai. Finalmente contemplamos o fechamento desta aventura e um desfecho completo, ou quase, de todos os personagens.
Com essa quarta temporada, testemunhamos o desenrolar dos planos de Isaac e Hector, agora duas pessoas diferentes do que conhecíamos. Além disso, descobrimos como Trevor e Sypha sobrevivem em eterna busca e combate contra aqueles que desejam a volta de Drácula. E, não menos importante, vemos também Alucard mais uma vez deixar as pessoas entrarem em seu coração. Essa foi uma temporada que começou um tanto fria, mas esquentou e muito nos episódios finais.
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Ah, Alucard!
A quarta temporada começa lançando o casal de heróis Trevor e Sypha contra inúmeros oponentes distintos. Vemos finalmente a aparição de uma das maiores pestes de Castlevania, os flea man, além de alguns vampiros menores que desejam trazer Drácula de volta do inferno. Porém, um novo secto surge: um grupo de adoradores da Morte, prontos para sacrificarem e alimentarem sua mestra.
Assim, Trevor e Sypha seguem rumo a Targoviste, em busca de respostas. Afinal, por que, após a queda de Drácula, cada vez mais os ataques de criaturas aumentam? Enquanto isso, Hector segue no castelo de Carmila em Styria, forjando seu martelo de invocação (referenciando diretamente o martelo de guerra de Curse of Darkness, mas muito menor aqui). Hector promete um exército de criaturas, porém parece estar planejando algo por baixo dos panos. Enquanto isso, Striga e Morana continuam os ataques em nome de Carmilla Europa a dentro.
Alucard, por sua vez, continua vivendo uma vida solitária em seu castelo, até que avista um cavalo trazendo um cavaleiro morto. Na mão do pobre defunto, se encontra uma carta e um mapa para a vila de Danesti, liderada por Greta. A vila está sob intensos ataques de criaturas da noite e eles sabem que não irão aguentar resistir por muito tempo, mesmo tendo entre eles um homem muito peculiar. Um homem chamado St. Germain. Isaac continua a se redescobrir, com a ajuda dos demônios invocados por ele no deserto.
Sobrevivendo à noite
O começo da temporada é bem agitado, mas o desenvolvimento dos personagens acaba ficando um pouco arrastado. No entanto, o combate frenético da série manteve o pique. Desta vez os embates estão ainda mais perigosos, trazendo diversos vampiros diferentes. Um dos meus favoritos foi o capaz de se teleportar através das runas talhadas em seu machado.
No entanto, o grande ápice de desenvolvimento de personagens para mim foram justamente os desenvolvimentos mais controversos: Carmilla e Isaac. Carmila acaba se tornando uma líder megalomaníaca e sedenta de poder, capaz de destruir tudo em seu caminho. Já Isaac, que detestava a humanidade como um todo e apoiava o extermínio planejado por Drácula, se torna mais humano após conviver tempo o suficiente com os demônios.
Claro que adorei ver a transformação do trio principal. Entretanto, mesmo durante suas mudanças, creio que eles acabam se equilibrando com os conceitos já estabelecidos para eles. Senti falta de um desenvolvimento maior de Striga e Morana em um geral na série. Além de um casal muito interessante, também são personagens com um potencial enorme que infelizmente foi deixado de lado. Mesmo assim, a batalha com a Armadura Diurna referenciando Berserk, foi um ponto alto.
Evitando a guerra de 1999
A construção toda da série culmina nos últimos episódios, mostrando o quão profundamente Castlevania cravou suas presas no material original. Mesmo com algumas pequenas inconsistências de continuidade citadas, não houve nada de maior que atrapalhasse o caminho. Um exemplo disso é o próprio Rubris, algo que já é usado por Drácula, tendo em vista que o jogo reconhece a existência de Leon Belmont, através do quadro do mesmo na fortaleza Belmont.
Castlevania Netflix também excede às expectativas, trazendo inúmeras referências para os fãs de longa data em todas as temporadas. A série trouxe uma animação e coreografias de deixar até os mais céticos de queixo no chão. Apesar disso, tenho que admitir que, mais uma vez, a quarta temporada falha em trazer uma trilha sonora digna de Castlevania, famosa por ter trilhas marcantes e praticamente perfeitas.
Fora as criaturas que já conhecemos e que apareceram, uma das que mais gostei de ver foi o boss Gergoth. Sempre senti empatia pelo pobre “dinossauro” cotó, com seu poderoso laser e pulos na Torre dos Condenados. Além disso, cada batalha é coreografada desde o começo para que cada um dos heróis exceda o máximo de suas habilidades. Sypha usa poderosas magias e deflete as rajadas de energia, Alucard abusa de suas transformações, seu sword familiar e dons vampíricos. Já Trevor nesta temporada usou e abusou das sub-weapons.
Este em particular foi algo insano de se ver. Quando assisti junto com os amigos fãs da franquia e vimos o machado em arco na primeira temporada, já ficamos contentes. Agora, nesta ultima temporada, temos praticamente todas as sub-weapons em sua forma máxima. Trevor possui a adaga, provavelmente uma referência à Silver Dagger, a cruz laminada chakran, e por último, mas não menos importante, a água benta.
Tirando a poeira
Carmilla também tira a poeira de alguns itens da série original, afinal podemos ver a máscara de sua primeira aparição nos jogos nos anéis dos membros dos Conselhos das Irmãs. Além disso, ela porta uma lâmina semelhante à Muramasa, o que é confuso, já que Trevor também encontra a lâmina enquanto em Targoviste. Outros elementos que foram tirados do fundo do baú foram as invocações de Isaac, mais especificamente seu The End.
Os The End são a forma máxima de poder alcançada por um Innocent Devil, uma criatura mágica criada através do poder sombrio inculto em um Mestre de Forja. Mesmo sendo criados a partir de energia infernal, eles recebem esse nome, justamente por desconhecerem sua origem, agindo de acordo com a vontade de se invocador. Abel auxilia Isaac em sua batalha contra Carmila e ambas as partes providenciam um espetáculo de saltar os olhos no sexto episódio.
Queimaduras abertas
Mesmo com tantos acertos, uma das grandes decepções da temporada final foi não ter realmente visto um desfecho mais interessante para Striga e Morana. O grande ápice de Striga foi justamente sua explosão de fúria, que está sendo totalmente roubada de si. OK, gente, já entendemos que foi uma referência sútil a Berserk, já que ela usa uma armadura negra, com uma lâmina gigantesca e acaba lutando de maneira desenfreada.
Ainda assim, acredito que a armadura Diurna de Striga tenha uma ligação muito maior com um monstro que já surgiu na série: a bruxa Malphas, devido à forte referência a corvos, tanto na ombreira de Striga, quanto no elmo e ombros da armadura. Além disto, a referência se mostra mais concreta quando é possível lembrar que Malphas, mesmo sendo demônios, podem usar a habilidade Holy Lightining. Então, vamos frear um pouco, pessoal, já não basta quererem enfiar tudo de Dark Souls dentro de Berserk?
Infelizmente, Castlevania não terá uma quinta temporada aparentemente, pois o fechamento da mesma foi excelente nesta quarta temporada. Optaram por trazer um final mais humano à franquia e evitando seguir os mesmos passos de outros shows que não sabem quando acabar ou como. Claro, eu iria adorar ver os jogos do filho de Trevor, Cristopher Belmont, finalmente receberem alguma atenção, ou ver Richter subindo aquela escadaria com a tela se escurecendo e apenas ouvir “Die Monster!”.
Com muito carinho, tanto da equipe, quanto dos fãs e (surpreendentemente) da Konami, Castlevania Netflix irá repousar em seu túmulo. Talvez em cem anos ela retorne, igual a Drácula antigamente.