Chegamos ao final de mais uma temporada de Castlevania na Netflix. Assim aparentemente chegamos ao fim também do arco de Trevor Belmont, Sypha Belnades e Adrian Fahrenheitz Tepes, contra os remanescentes da força de seu pai, contando com trinta e dois episódios que tentam de certa forma adaptar os eventos de Castlevania III: Drácula’s Curse.
No entanto, o que achamos das três temporadas anteriores de Castlevania? Bom, eu pelo menos achei um excelente trabalho por parte da Netflix e o estúdio Fredetrator, trazendo uma visão nova para antigos eventos, o ponto inicial sendo após a busca de Leon Belmont, o primeiro caçador de vampiros da série e onde tudo começou, quatrocentos anos antes de Trevor.
A queda de Wallachia
Castlevania abre com uma explicação interessante ligando Mathias Cronquist a Vlad Tepes III. Para aqueles que não sabem ainda, Drácula em Castlevania não se chama originalmente Vlad Drácula Tepes, mas sim Mathias Cronquist. Inspirado em Drácula de Bram Stoker, Mathias ludibria Leon Belmont a entregá-lo a Pedra Carmesim, esta na qual estava presa a alma do vampiro Walter Bernhard. Assim criou-se o rubedo na série, uma pedra filosofal perfeita, capaz de garantir vida eterna a seu usuário!
Agora séculos após enganar seu antigo amigo Leon Belmont e vivendo afastado em seu palácio circundado por um jardim da morte, Drácula existe. Com isso, Lisa de Lupu chega ao portão da imensa construção. Mas sua chegada também traz calor ao coração do conde do inferno, que após absorver tantas vidas, resolve realmente passar a viver de acordo com o que Lisa sugere, sentindo amor e afeto e talvez até mesmo empatia para com os humanos uma vez mais.
Porém como é de se esperar, a ciência ensinada para Lisa Tepes através de seu esposo é vista como heresia pela igreja. Enquanto viaja como homem, uma vez mais, Drácula descobre que Lisa fora sentenciada à fogueira. Com uma fúria infernal, o bastardo de cristo resolve mais uma vez se voltar contra a humanidade, atacando até mesmo seu próprio filho no processo. Um ano se passa e o inferno desperta sobre Targoviste.
Caixa vazia de Gresit
Em apenas quatro episódios, temos a apresentação de cada um dos protagonistas das quatro temporadas. Descobrimos quem é Drácula e como tudo ocorreu até o ataque a Valáquia. Lisa é apresentada de maneira diferente da que a vimos em Symphony of the Night, tendo um papel de maior importância e força na série. Assim como nossos heróis, Trevor Belmont, que deseja renegar seu dever como caçador de monstros, Sypha, uma oradora extremamente poderosa e Alucard, filho de Drácula, um Dampir que apenas deseja salvar seu pai.
Porém Drácula acaba pegando apenas carona nos ataques da primeira temporada, sendo que o grande foco se dá na igreja de Gresit, da qual o bispo planeja assassinar o grupo de Oradores a qual Sypha pertence, culpando-os pela aparição das criaturas e destruição de Valáquia, mas nunca assumindo que ele fora um dos principais envolvidos na morte de Lisa Tepes. Um excelente começo para a série.
Surgem os Mestres da Forja e o exército de Drácula
Como dito anteriormente, Castlevania consegue explorar de maneira minuciosa todo os elementos da série que antes ficavam como teorias dos fãs. Algo que já aparece na primeira temporada e nunca deixa de surpreender é a movimentação do castelo. Usando um dispositivo semelhante ao save point de SotN, o castelo consegue viajar para diferentes locais. Além disto, podemos ver a corte de Drácula.
A corte de Drácula apresenta nove generais, sendo eles Carmila, Godbrand, Raman e Sharma (vampiros indianos), Cho (vampira japonesa), Dragoslav (vampiro eslavo), Zuffal (vampiro alemão), além de obviamente Hector e Isaac, que aqui se tornou literalmente outro personagem, mas em minha opinião, cem vezes mais interessante que sua contra parte em Curse of Darkness.
Nesta segunda temporada, Drácula está com força total e totalmente focado em apenas uma coisa: a erradicação da humanidade. Assim como não tiveram pena de sua esposa e agiram como animais, o Conde está preparado para levar todos ao abate. No entanto, Carmila tem outros planos e trama um esquema pelas costas de Drácula, uma sacada e tanto para deixar os fãs confusos, já que nos jogos a mesma é totalmente devota a Drácula.
Lágrimas de sangue
Com vários easter eggs, como a aparição de Gaibon e Slogra, uma dupla de bosses famosos de Castlevania, temos a aparição do forte dos Belmonts. onde Trevor, Sypha e Alucard se preparam para a batalha futura. O grande ápice da temporada é batalha no hall do castelo de Drácula entre suas forças, o exército de Carmila e o trio de heróis. Afinal de contas, merecíamos uma batalha épica após uma temporada vendo Hector ser o maior gado e Isaac se martirizando.
Como era de se esperar, a Frederator criou mais uma vez um combate magnífico, explorando as nuances de cada personagem de maior escopo na batalha. Simon cria movimentos violentos com seu chicote, enquanto Sypha congela ou incendeia inimigos. Alucard por sua vez, constantemente usa habilidades famosas do mesmo, como sua forma de lobo, sword familiar e seu ataque de teleporte, tudo ao som de Bloody Tears, uma das minhas faixas preferidas!
Como é de se esperar, a união dos heróis traz o reinado de Drácula abaixo, causando assim a separação do grupo, mas não por muito tempo, afinal de contas as maquinações do mundo vampírico somente tendem a aumentar com a queda do conde.
Aventuras alquímicas triangulares
Com a morte de Drácula, Trevos e Sypha resolvem viver uma vida diferente, chegando até a cidade de Lindenfield, local onde irão enfrentar os próximos seres das trevas, enquanto Alucard tenta encontrar um motivo para seguir vivendo. Atormentando pela culpa de ter matado seu próprio pai, ele busca consolo em uma futura vida solitária, algo que acaba lhe fugindo pelas mãos.
Enquanto isso, Carmila apresenta aos fãs da série seu Conselho de Irmãs, uma organização formada apenas por mulheres vampiras, prontas para expandir seu poder. Lideradas por Carmila, temos Leonore, a diplomata do grupo, Striga a líder militar e por último Morana, economista e estrategista. Unidas, as quatro rainhas de Styria abusam do jovem Hector para que o mesmo crie um exército de criaturas para elas, tal qual o de Drácula.
Enquanto isso, Isaac desbrava o deserto em busca de respostas sobre sua atual situação, além de vingança por seu antigo mestre. A terceira temporada é excelente em desenvolver os atuais personagens, mas falha em trazer uma trama interessante por assim dizer. A adição de St. Germain é fiel tanto ao personagem do jogo, quanto à sua contraparte mística do mundo real, apresentando o Corredor Infinito, um portal interdimensional que será muito citado e usado na quarta temporada.
No entanto, Salas não conseguiu vender muito a visão de um antagonista do clero como o Bispo da primeira temporada ou Shaft em Rondo of Blood e SotN. A criatura final conhecida como o Visitante também acaba caindo por terra em minha opinião, mas ao mesmo tempo acaba servindo um propósito interessante, agindo como um portal para o Corredor Infinito e seguindo o instinto de culpa de Isaac.
A caminho de Londres
No geral, as três primeiras temporadas de Castlevania Netflix são excelentes, mesmo com uma queda razoável de interesse durante a terceira temporada. A série tem um excelente desenvolvimento de suas personagens principais, fazendo com que acabemos acompanhando até mesmo arcos arrastados a fim de vê-los evoluindo, como quando Alucard mostra um lado frágil e inocente se tornar frio e cruel após matar os irmãos Taka e Sumi durante o ato sexual e empalá-los na entrada do castelo.
Sala acaba se saindo mal como vilão também, tendo pouco charme e sendo mais um obcecado pelo oculto mais do que tudo. No entanto, a exploração de St. Germain é feita de maneira excelente, algo que será explorado no texto da quarta temporada.