Hades foi anunciado no The Games Awards já com a disponibilidade de acesso antecipado através da nova loja da Epic Games, permitindo que os jogadores possam ajudar no desenvolvimento e desde já desafiar o Deus da Morte e suas incansáveis hordas de criaturas.
Hades é um roguelike em desenvolvimento pela Supergiant Games, estúdio indie que tem em seu portfólio os famosos Bastion e Transistor, lembrados não apenas por possuírem uma ótima jogabilidade, mas também por um belo trabalho narrativo e artístico. Sabendo disso a expectativa dos fãs foram lá em cima e confesso que também estava ansioso para explorar o submundo deste jogo.
Uma representação convidativa do inferno
Nesta representação maravilhosa do inferno mitológico grego controlamos o príncipe Zagreus, um jovem nascido no inferno cujo os objetivos vão contra o Deus da Morte que também é seu pai, um garoto rebelde que desafia a todo instante as ordens de Hades.
Começamos a jornada explorando Tártaros: um ambiente hostil, repleto de almas perdidas, sangue e diversas criaturas que sob as ordens de Hades vão tentar impedir sua fuga. Zagreus foi muito bem treinado por Aquiles, possuindo excelentes golpes que podem ser realizados através de um hack and slash muito fluido. Mas caso você morra, e você irá, Zagreus retornará para sua casa.
De volta para a casa de Hades e resmungando, o protagonista ressurge a partir de um rio de sangue, um jeito muito interessante e cômico de retornar ao jogo, ainda mais quando você repara ao seu redor e vê que todas as almas chegam ao inferno desta mesma forma. No início da fila de almas, Hipnos (a personificação do sono) nos dá as boas-vindas e logo reconhece o príncipe, tirando sarro pela morte do garoto.
Mais adiante você estará cara a cara com Hades, e a conversa com seu pai não é lá muito amigável. Para Hades, o filho é um tolo por querer sair de seus domínios, não se importando com o quanto Zagreus sofra tentando fugir – até por não acreditar que ele consiga ir muito longe. Mas Zagreus não demonstra obediência e nem teme a dor: aproveita para irritá-lo e permanecer com seus planos.
Não fica claro qual o real motivo que leva a personagem querer chegar à superfície, mas Nix (a personificação da noite) deixa subentendido que essa jornada tem circunstâncias muito fortes, pois até mesmo os Deuses do Olimpo vão ajudar Zagreus. Ajuda que vem em forma de habilidades com mensagens de apoio de Zeus, Atena, Ares, Poseidon, Ártemis, Afrodite e alguns outros. Vale observar que essas habilidades surgem aleatoriamente durante a partida e quando você morre elas serão perdidas, podendo ser adquiridas novamente em uma outra partida.
Não há como escapar?
Você permanece tentando escapar do inferno e as motivações vão sendo esclarecidas conforme você progride nas partidas, bem como muitos outras personagens vão sendo apresentadas, te surpreendendo a cada novo detalhe artístico ou cenário descoberto.
O jogo pode parecer repetitivo e até punitivo, já que retornar à casa de Hades será muito frequente e comum, mas para contornar essa repetição a Supergiant Games está fazendo um trabalho narrativo incrível. Hipnos, por exemplo, sempre faz piadas sobre sua morte ou dá dicas sobre como derrotar um inimigo. Hades pode demonstrar raiva por algum aliado que você tenha derrotado e o próprio Zagreus demonstra com seus pensamentos que mesmo perdendo a partida sempre estamos avançando de alguma forma.
Algumas recompensas serão fixas como moedas, que servem para comprar melhorias durante a partida. Joias roxas servem para comprar melhorias definitivas para a personagem, enquanto as chaves servem para desbloquear novos armamentos, além de itens que são presentes para distribuir para os amigos na casa de Hades onde os mesmos lhe recompensarão com equipamentos que melhoram seus status.
Há diversos armamentos que vão desde espadas, lanças e escudos e eles lhe darão diversos tipos de ataques. Mesmo que os comandos sejam os mesmos, cada ataque causa danos diferentes e possuem estilos próprios de animações. No entanto, você terá que enfrentar as dungeons apenas com um deles. No início as dungeons podem ser fáceis, mas rapidamente se tornam desafiadoras. Ainda mais porque Zagreus raramente consegue recuperar suas energias, como se isso fosse uma maldição aplicada por Hades. Se você tiver sorte de encontrar Charon e seus itens à venda, ainda assim, nem sempre haverá poções de cura.
Um submundo em perfeito funcionamento
Hades já está tão polido, tão fluido, tão bonito e funcional que é difícil acreditar que ainda esteja em desenvolvimento. Até o momento não houve sequer um travamento, erros de colisões ou outros tipos de problemas. As atualizações lançadas até agora foram para balanceamento dos equipamentos, habilidades, novos conteúdos e eventos. Uma das promessas é disponibilizar a tradução para português, o que será muito bem-vindo já que há muitos diálogos entre as personagens e narrações de Zagreus enquanto conversa consigo mesmo durante sua aventura.
O game possui cenários lindos e uma trilha sonora incrivelmente bem produzida, tornando este o inferno mais bonito e atraente que já vi, além de estar cheio de detalhes como: as pequenas almas espalhadas pelos cenários que ficam irritadas quando passamos por dentro delas, grupos de almas conversando com um pequeno balão exibindo os diálogos e a causa da morte de um deles.
Há diversas dungeons e quando você pensa que já viu de tudo surge um novo cenário com novos inimigos, diálogos e recompensas. Com toda certeza Hades é um jogo para ficar de olho, pois sua arte e narrativa são espetaculares. A jogabilidade é viciante e eu mal posso imaginar o que ainda possa vir até seu lançamento oficial. Enquanto isso, continuarei explorando e treinando minhas habilidades nesse inferno maravilhoso.