Extinction é o que posso chamar de uma mistura de Shadow of Colossus com o estilo arcade do God of War e uma pitada de Attack on Titan. Isso, associado aos trailers e aos gráficos bem elaborados, gerou uma expectativa positiva para o título. Eu mesmo estava empolgadão para jogá-lo.
Na trama você encarna Avil, um legendário guerreiro remanescente de um grupo treinado por anciões para defender a terra da invasão dos Ravenii, ogros gigantes que junto com suas hordas querem aniquilar todas as cidades e extinguir a raça humana. Ainda que tenha um nome bonito e desfira golpes a esmo para desmembrar os ogros gigantes, Avil é um personagem qualquer, sem o grande apelo de um Kratos da vida.
Não se engane com minha opinião inicial, é apenas uma constatação decorrente da expectativa que tive ao assistir os trailers do game. Entretanto, estou longe de achar o jogo ruim, já que desmembrar gigantes sempre será divertido. Extinction é descompromissado, elaborado de forma simples em sua sequência de fases.
Todas estas fases iniciam com algum objetivo ligado à salvar os habitantes da cidade, além de proteger as edificações para que não chegue a zero o marcador de porcentagem de “vida” daquela cidade. Existem algumas variações no estilo wave shooter, onde você tem que combater hordas por um tempo determinado para que passe de fase, e outras como proteger torres de observação. O modelo de jogo é simples, sem muita firula, mas as fases meio que se repetem. Por outro lado a diversão é grande em Extinction, principalmente por conta do visual caprichado.
Gigantes para todos os lados
Os Ravenii são os personagens principais. Esses ogros gigantes aparecem literalmente do nada, teleportados de seu país natal para nossa querida cidade em busca da destruição suprema dos pobres seres humanos. Eles se apresentam, numa escala comparada ao tamanho de Avil, com algo em torno de 50 metros de altura, o que foi muito bem implementado pela Iron Galaxy e gera uma sensação de imersão bem precisa, relembrando até mesmo a realidade virtual.
Essa raça possui armaduras de diferentes materiais (madeira, ferro, ouro etc) e, para que possamos desmembrar cada um deles, devemos usar a espada de Avil para primeiro destruir estas armaduras. Cada vez que cortamos um pedaço de um deles ganhamos uma energia especial que permitirá decepar a cabeça do tiozão gigante e pronto, tchau ogro.
Durante o ataque de Avil nas armaduras e membros dos inimigos, rola um efeito de câmera lenta que facilita a mira nos locais a serem destruídos. Nosso querido herói possui um chicote tipo o do Indiana Jones, que o permite ficar pendurado em monstros voadores e em determinadas partes dos Ravenii, facilitando escalar os mesmos e assim poder finalizá-los, sendo um excelente meio de variação para os ataques.
Abatedouro digital
Durante esse processo de matar ogro, decepar ogro e aparecer ogro, temos que ficar combatendo jackals, pequenos ogros e monstros alados, assim conquistamos mais energia para facilitar o corte da cabeça do Ravenii. Esse tarefa se repete por praticamente o jogo inteiro e pode se tornar um tanto enjoativo para muitos, diminuindo o replay de Extinction. Entre um e outro monstro derrotado precisamos salvar os habitantes da cidade através da energização de cristais espalhados. Após ativados, eles teletransportam os habitantes ao redor para um lugar seguro.
Ao matar inimigos e concluir os objetivos recebemos pontos de habilidade para gastar em atributos do personagem, como vida, força da espada, melhorar o tempo para energizar os cristais, modo de câmera lenta, entre outros atributos sem muita importância. As habilidades são secundárias e bem básicas, apesar de serem importantes para acompanhar o nível crescente de dificuldade dos Ravenii. Não temos, por exemplo, como melhorar ativamente armaduras, armas e amuletos, o que fugiria também do estilo arcade pretendido pelos desenvolvedores.
Avil possui a capacidade de levitar no ar , principalmente quando usa a câmera lenta. O uso do chicote e da espada nesses momentos também desafiam a gravidade, dando maior oportunidade de ataques. Seja mirando em uma fechadura de armadura ou na própria armadura, os movimentos são de certa forma fáceis e não precisam de muita habilidade para a progressão e destruição dos pontos chaves dos adversários. Pena que, em muitos momentos, a câmera não ajuda na noção de espaço que precisamos ter para conseguir nos posicionar melhor.
Ogro bonito, herói bonito mas e o resto!!!!
Graficamente falando, o jogo é bem bonito, principalmente quando aparecem os Ravenii e os monstros. Porem não dá pra ignorar que o resto é bem limitado, talvez de propósito para deixar a ambientação em segundo plano, até mesmo porque os gráficos são no estilo cartoon. Em algumas fases menos importantes elas são geradas aleatoriamente, assim como o objetivo a ser seguido, deixando mais uma vez a lógica da história em xeque-mate.
A trilha sonora também deixa um tanto a desejar, sendo repetitiva na maioria das vezes. Os ogros poderiam ter sido melhor explorados também, tanto nas animações quanto nos efeitos sonoros. Em termos de desempenho o jogo roda lisinho e praticamente sem bugs gráficos, exceto quando se está muito próximo dos Ravenii e se movimentando rapidamente.
No fim das contas, a ideia de Extinction foi parcialmente explorada. Um game com esse apelo de “colossus-like” poderia dar mais certo com desafios maiores e mais diversidade de fases e inimigos, indo além da mudança superficial da cor da pele e a forma das armaduras dos ogros.
Mesmo assim, recomendo à todos que joguem, pois apesar da simplicidade em alguns momentos a aventura é bastante divertida. Extinction ainda possui um modo skirmish e um modo online, para quem desejar expandir a jogatina além da campanha principal. A Iron Galaxy está de parabéns pelo game e espero que eles levem para frente a ideia e o conceito de Extinction com uma continuação.